A ORIGEM DOS
SOBRENOMES
É interessante e curioso o artigo
a seguir, produzido pela comunidade judaica através do site www.chabad.org.br (*1), abordando a
origem dos sobrenomes judaicos pela Europa, mas também que influenciou
diretamente os sobrenomes poloneses, alemães e espanhóis, principalmente.
Ressalte-se que os sobrenomes eslavos (*2) com
terminação “SKI” tem significado de
“vindo de” ou “filho de”, assim como no Brasil, como em paranaENSE (nascido no Paraná), curitibANO (nascido ou vindo de Curitiba), atleticANO (torcedor do atlético).
E “SKA”,
quer dizer “filha de” ou ”mulher de”, indicando o gênero, como
PałkowSKA
(Pałkowski); HoppA (Hopp/Hoppe)
e WestA (West).
Já os
sobrenomes com terminação “SKY (S+K+Y)” são normalmente de povos oriundos
da Rússia ou Ucrânia, com sobrenomes latinizados para o polonês.
·
a língua polonesa é uma língua eslava, mas escrita com o alfabeto latino.
TRANSCRIÇÃO (*1)
Os judeus ashkenazim dão a seus filhos os nomes dos
ascendentes falecidos. Isso tem a ver com a crença no restabelecimento da alma
e com a honra e recordação do morto. Se pudesse seguir sua árvore genealógica,
alguém que se chame Moisés encontraria tataravôs chamados Moisés a cada três
gerações.
Os judeus sefaradim dão a seus filhos o nome dos
avôs, que geralmente estão vivos. Assim, numa árvore genealógica sefaradim
vai-se encontrar o mesmo nome a cada uma geração em média. Se alguém ler a história
da Espanha não saberá às vezes distinguir quem morreu e quem continua vivo.
Será o avô ou o neto?
Outras vezes encontramos o filho
com o mesmo nome que o pai; contudo esse é um costume cristão que se encontra entre os judeus sefaradim depois que deixaram
a Espanha, devido à Inquisição. Diferentemente dos aristocratas e das
pessoas ricas, os judeus não tinham sobrenomes na Europa Oriental até os anos
napoleônicos, nos princípios do século XIX. A maior parte dos judeus dos países
conquistados por Napoleão, como Rússia, Polônia, e Alemanha, receberam a
determinação de adotar sobrenomes para a cobrança de impostos. Entretanto, após
a derrota de Napoleão, muitos judeus retiraram estes nomes e voltaram à
denominação de "filho de", surgindo então sobrenomes como: Mendelsohn, Jacobson, Levinson, etc.
Durante a chamada Emancipação, os
judeus mais uma vez receberam a ordem de adotar sobrenomes. Na Áustria e na
Galícia, o imperador José fez os judeus adotarem sobrenomes em 1788. As
"listas de sobrenomes" do Império Austro-húngaro, em geral, usavam
palavras em alemão, muito parecidas com ídiche. A Polônia ordenou os sobrenomes
em 1821 e a Rússia em 1844. É provável que algumas das famílias judias já
tivessem recebido seus sobrenomes nos últimos 175 anos ou menos. Na França e
nos países anglo-saxônicos os sobrenomes voltaram no século XVI.
Os
sefaradim recuperaram seus sobrenomes após muitos séculos. A Espanha, antes de Fernando e Isabel, concebeu uma época de ouro para
os judeus. Contudo, eles foram expulsos por Isabel no mesmo ano em que Colombo
partiu para a América. Além disso, os
primeiros judeus americanos também eram sefaradim.
SIGNIFICADO
DOS SOBRENOMES
Sobrenomes
ASHKENAZIM
Há dezenas de milhares de sobrenomes judeus
utilizando a combinação das cores, dos elementos da natureza, dos ofícios,
cidades e características físicas. Um pequeno exercício é perguntar: Quantos
sobrenomes judaicos podemos reconhecer com a raiz das seguintes palavras:
Cores: Roit, Roth (vermelho); Grun, Grin (verde); Wais, Weis, Weiss (branco);
Schwartz, Swarty (escuro negro); Gelb, Gel (amarelo)
Panoramas: Berg (montanha); Tal, Thal (vale); Wasser (água); Feld (campo); Stein
(pedra); Stern (estrela); Hamburguer (morador da vila).
Metais,
pedras preciosas e mercadorias: Gold
(ouro); Silver (prata); Kupfer (cobre); Eisen (ferro); Diamant, Diamante
(diamante); Rubin (rubi); Perl (pérola); Glass, (vidro); Wein (vinho)
Vegetação: Baum, Boim (árvore); Blat (folha); Blum (flor); Rose (rosa); Holz
(Madeira).
Características
físicas: Shein, Shen (bonito); Hoch
(alto); Lang (comprido); Gross, Grois (grande), Klein (pequeno), Kurtz (curto);
Adam (homem).
Ofícios: Beker (padeiro); Schneider (alfaiate); Schreiber (escriturário); Singer
(cantor); Holtzkocker (cortador de madeira); Geltschimidt (ourives); Kreigsman,
Krigsman, Krieger, Kriger (guerreiro, soldado); Eisener (ferreiro); Fischer
(peixeiro, pescador); Gleizer (vidreiro).
Utilizaram-se as palavras de forma simples, combinadas
e com a agregação de sílabas como "son", filho; "man",
homem; "er", que designa lugar, agregando-se, preferencialmente, após
o final do nome da cidade. Em muitos países adaptaram-se as terminações dos
sobrenomes ao uso do idioma do país como o sufixo "ski",
"sky" ou "ska" (para o caso de nomes de mulher),
"as", "iak", "shvili", "wicz" ou
"vich". Na Polônia, a mulher tinha um sobrenome diferente do
masculino, terminava em "ska", no lugar de "ski", indicando
assim o seu gênero. Desta forma, com a mesma raiz, temos, por exemplo: Gold,
que deriva Goldman, Goldrossen, Goldanski, Goldanska, Goldas, Goldiak,
Goldwicz, etc.
A terminação indica que idioma se falava naquele
país de onde se originou o sobrenome:
Nomes de
cidade ou país de residência: Berlin; Berliner; Frankfurter;
Danziger; Oppenheimer; Deutsch ou Deutscher (alemão); Pollack (polonês);
Breslau; Mannheim; Cracóvia; Warshaw (Varsóvia).
Nomes
complexos: Gluck (sorte); Rosen (rosas);
Berg (montanha); Rosenblatt (papel ou folha de rosas); Rosenberg (montanha de
rosas); Rothman (homem vermelho); Koenig (rei); Koenigsberg (a montanha do
rei); Spielman (homem que joga); Lieber (que ama); Wasserman (homem da água).
Nomes
designados (normalmente indesejáveis):
Plotz (morrer); Klutz (desajeitado); Billig (barato).
Sobrenomes
SEFARADIM
Entre os sobrenomes judaicos espanhóis é fácil
reconhecer ofícios designados em árabe ou em hebraico, como: Amzalag
(joalheiro); Saban (saboneiro); Nagar (carpinteiro); Haddad (ferreiro); Hakim
(médico).
Profissões
relacionadas com a sinagoga: Hazan (cantor); Melamed
(maestro); Dayan (juiz); Cohen (sacerdote); Levy, Levi (auxiliar do templo).
Títulos
honoríficos: Navon (sábio); Moreno (nosso
mestre) e Gabay (oficial).
Muitos sobrenomes espanhóis adquiriram pronuncia
ashkenazi na Polônia, como, por exemplo, Castelanski,
Luski (que vem da cidade de Huesca, na Espanha) ou
tomaram como sobrenome Spanier (espanhol), Frender (estranho) ou Auslander
(estrangeiro).
Na Itália, a Inquisição se instalou depois da
Espanha, o que levou os judeus italianos a emigrarem para a Polônia.
Apareceram, então, o sobrenome Italiener e Welsch ou Bloch, porque a Itália é
também chamada de Wloche em alemão.
Sobrenomes
oriundos da TORÁ
Uma boa quantidade de sobrenomes judaicos deriva dos
nomes bíblicos ou de cidades européias da Ásia Menor. Exemplo: o nome de
Abraham (Abrahão) Filho de Abraham se diz diferentemente em cada idioma:
Abramson, Abraams, Abramchik, em alemão ou holandês; Abramov ou Abramoff, em
russo, Abramovici, Abramescu, em romeno; Abramski, Abramovski, nas línguas
eslavas; Abramino, em espanhol; Abramelo, em italiano; Abramian, em armênio;
Abrami, Ben Abram, em hebraico; Bar Abram, em aramaico, Abramzadek ou Abrampur,
em persa; Abramshvili, em georgiano; Barhum ou Barhuni, em árabe. Podem-se
constatar essas variações também quanto aos sobrenomes derivados de Isaac e
Jacob.
Os judeus de países árabes também usaram o prefixo
"ibn". Os cristãos também passaram a usar seus sobrenomes com
agregados que significam "filho de". Os espanhóis usavam o sufixo
"ez", os suecos o sufixo "sen" e os escoceses
"Mac", mas no início do sobrenome. Os sobrenomes judaicos não tomaram
a terminação sueca, nem o prefixo escocês.
Há também sobrenomes que seguem o nome de mulheres,
mas é menos comum. Às vezes isto ocorria porque as mulheres eram viúvas ou por
terem sido figuras dominantes na família. Goldin vem de Golda; Hanin de Hana,
Perl ou Perles de Rivka. Um fato curioso apresenta o sobrenome Ginich: a filha
do Gaon de Vilna se chamava Gine, e se casou com um rabino vindo da Espanha.
Seus filhos e netos ficaram conhecidos como os descendentes de Gine e tomaram o
sobrenome Ginich.
Também há sobrenomes derivados de iniciais
hebraicas, como Katz ou Kac, que, em polonês, pronuncia-se Katz. São duas
letras em hebraico, K e Z, iniciais das palavras Kohen Zedek, que significa
"sacerdote justo”.
Sobrenomes
adquiridos em VIAGENS
Nos sobrenomes que derivam de cidades, a origem é
clara em Romano, Toledano, Minski, Kracoviac, Warshawiak (de Varsóvia). Outras
vezes o sobrenome mostra o caminho que os judeus tomaram na diáspora (dispersão dos
judeus, no decorrer dos séculos, por todo o mundo ou dispersão de um povo em
consequência de preconceito ou perseguição política, religiosa ou étnica).
Por exemplo, encontramos na Polônia sobrenomes como
Pedro, que é um nome ibérico. O que indica? Foram judeus que escaparam da
Inquisição espanhola no século XV. Em sua origem, possivelmente eram sefaradim,
mas se mesclaram e adaptaram ao meio Ashkenazi.
Muitas
avós polonesas se chamam Sprintze. De onde vem esse nome? O que significa?
Lembrem-se que em hebraico não se escrevem as
vogais, assim se escreve em letras hebraicas o nome Sprinz, que em polonês se
lê Sprintze. Mas como leríamos esse nome se colocássemos as vogais? Em
espanhol, seria Esperanza e, em português, Esperança, que escrito em hebraico
mas lido em polonês resulta Sprintze.
Mudança
de sobrenomes
Existem muitas histórias de mudanças dos
sobrenomes. Durante as conversões forçadas na Espanha e em Portugal, muitos
judeus se converteram, adotando novos sobrenomes, que as paróquias escolhiam
para os "cristãos novos", como, Salvador ou Santa Cruz.
Mais tarde, ao fugir para a Holanda, América ou ao
Império turco, voltaram à religião judaica, sem perder seu novo sobrenome.
Assim apareceram sobrenomes como Diaz ou Dias, Errera ou Herrera, Rocas ou
Rocha, Marias ou Maria, Fernandez ou Fernandes, Silva, Gallero ou Galheiro,
Mendes, Lopez ou Lopes, Fonseca, Ramalho, Pereira e toda uma série de
denominações de árvores frutíferas (Macieira, Laranjeira, Amoreira, Oliveira e
Pinheiro). Ou ainda de animais como Carneiro, Bezerra, Lobo, Leão, Gato,
Coelho, Pinto e Pombo.
Outra mudança de sobrenomes foi causada pelas
guerras. As pessoas perderam ou quiseram perder seus documentos e se
"conseguia" um passaporte com sobrenome que não denunciava sua
origem, para cruzar a salvo uma fronteira.
Nos fins do século XIX, o Czar da Rússia exigia 25
anos de serviço militar obrigatório, especialmente dos judeus. Muitos
imigrantes fugiram da Rússia e da Ucrânia com passaportes mudados para evitar
uma vida dedicada ao exército do Czar.
Outra questão é que somos filhos de imigrantes
(*3), e muitos sobrenomes se desfiguraram com a mudança de país e de idioma. Às
vezes eram os funcionários da Alfândega ou da Imigração, outras o próprio
imigrante que não sabia espanhol ou português ou escrevia mal. Por isso, muitos
integrantes da mesma família têm sobrenomes similares em som, mas escritos com
grafia diferente
*1 - veja o site original do CHABAD
*2 - veja também – Os Poloneses e a pronúncia dos
sobrenomes no Brasil
*3 - este é o caso dos sobrenomes poloneses no
Brasil, por falta de tradutores ou funcionários brasileiros com conhecimento da
lingua de origem, temos uma variedade de derivações nas grafias dos sobrenomes
polono-brasileiros.